sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Querem acabar com a cultura Paulista

por Jéferson Roz

"...próxima estação Palmeiras - Barra Funda, por favor desembarque ao lado esquerdo do trem",naquele momento levanto em direção ao Parque da Água Branca, onde acontece há onze anos o Festival Tradicional Cultural Paulista conhecido como Revelando São Paulo.
Exatamente meio dia, embaixo de um sol quente, animado para aproveitar a festa que faz lembrar o clima e costumes dos sítios e fazendas no interior do Estado, porém estamos na cidade do concreto, a capital de São Paulo.
Caminho em direção a arena que faz lembrar o espaço sagrado do peão no lombo do cavalo e touro, ali está reservado aos eventos musicais e dança folclóricas no palco montado para apresentação de varias cidades.
O parque é um espaço agradável com construções que recordam casarões das antigas fazendas de café, pintadas de amarelo, portas e janelas em marrom e vasta área verde.
O aroma de comida feita na hora vinha do espaço reservado ao lado do palco para culinária. Com pavimentos cobertos divididos em três corredores. Os expositores de varias cidades vindas do norte a sul e leste a oeste da capital. Quem gosta de comida exótica e tradicional podia encontrar variedades entre eles: arroz tropeiros, vaca atolada, virada a paulista, massas como espaguete e nhoque; e os imperdíveis doces de leite, em conservas, os bolos e a tradicional rapadura produzida de forma artesanal.
A atração que pode encontrar é artesanato marca sempre pela criatividade dos artesões pela técnica e estilo regional de cada obra. Caminhando pude observar o entrar e sair das pessoas há tantas opções, porém uma de tantas me chamou atenção com miniaturas em argila feita a mão.
No estande da cidade de Presidente Epitácio divisa do Estado do Mato Grosso, uma senhora simpática, morena com estatura média a 1,60 altura, vestida de calça jeans escura, camiseta preta com emblema da cidade que mora, cabelos longos da cor da camiseta, com traço indígena, sorrindo me aborda e mostra suas obras. Questionei-a quando foi que começou a fazer aqueles objetivos tão pequenos.
Podia ver miniatura de forno a lenha, panelinhas, galinhas, bules e outros."Comecei aos sete anos na roça. Meu pai era violeiro e fazia cesto em palha, lembro que pintei a parede de casa e minhas irmãs brigavam comigo. Utilizo a argila para criar minhas obras, com ferramentas improvisadas que não são nada especiais, uso caneta velha, palito de churrasco, antena de tv quebrada e muita criatividade", fala com orgulho artesã Margô Aparecida, 54, que depois de anos pintando descobriu um novo talento como escultora em argila fazendo peças em miniatura com temas do campo.
Um aglomerado no final do parque, parte descoberta com alguns expositores. Ouço batidas de marretas em ferro. Como todo curioso vejo oito pessoas, uma mulher vinte e poucos anos e sete homens com idade de média de 25 á 60 anos. Com roupas escuras e aventais longos, escuros não pela cor do tecido, mas pelo fumaça e poeira que o trabalho de confeccionar de espadas, adagas e facas na forja pode oferecer. Num calor escaldante o ferro bruto se transforma em espada em estilo medieval. Uma cena que transporta ao filme épico como de Mel Gibson em Coração Valente.
O evento acontece em dez dias e durante a semana diversos alunos de escolas públicas e particulares vêem de excursão para conhecer as diversas culturas por meio de danças, músicas e os artesanatos. Numa conversa com o artesão Mario C. Ramos, 59, escultor de pedra sabão e mármore que sempre comparece quando convidado."Estou aqui por causa das crianças que gostam de me ver esculpir as pedras. São por elas que venho, nem tanto pela questão financeira, não faz diferença se vendo ou não".
Exausto sentei numa cadeira feita em tronco de madeira maciça, um casal se aproxima e sentam ao meu lado. Com algumas sacolas na mão e uma luminária feita em palha trançada, a jovem vira e indaga pra mim como alguém queria acabar com o Festival? Eu sem saber perguntei abismado com a afirmação e pergunto do que se trata aquela informação.
A fotografa Adriana Bourquim, 35, que participa sempre do evento está preocupada com o possível termino.”Sempre venho para comprar, adoro, hoje comprei está luminária (lembra uma lâmpada de um mêtro e meio de comprimento e 40 cm de diâmetro trançado em palha) e quero aproveitar para dizer que há estandes espalhados pelo parque que esperam assinaturas de todos que desejam o Festival para o próximo ano. Vamos dar uma força", explica a fotografa ao meu questionamento.
Ao sair dali, procurando o tal estande para contribuir com a permanência do evento. Para que no próximo ano possa novamente ver os senhores e senhoras de mais de 70 anos junto aos jovens dançando catira, congada com suas roupas de foliões em devoção a Nossa Senhora da Aparecida e outros santos. Saborear aquele cafezinho coado no saco, na xícara de agida branca e comer bolinhos de chuva com açúcar e canela. Quero apreciar artesões com suas habilidades ao trabalhar na argila, madeira bruta e transformar em vasos, bustos, quadros com a agilidade e tempo curto. Localizei na saída do parque ao lado da adega de vinho uma barraca e nela uma fila com dez pessoas. Estava cansaço, mas mesmo assim entrei na fila e alguns minutos depois de ter assinado, aquele ato poderia fazer a diferença para que esse evento nunca se acabe.

Arte de observar sem julgar!!!!

Por Jéferson Roz

Observar é um ato genioso de quem escreve. Neste semestre estamos saindo do gatinhar em relação à redação e ousando um pouco sobre textos jornalísticos.
Na disciplina de Língua Portuguesa e Redação com a dedicação da Professora Cecília começa a despertar olhar como jornalista para relatar personagens ou historias a ser contada.
Lembrei de um filme que assisti antes mesmo de pensar em ser Jornalista. Foi de grande importância para frear meu ego sobre assédio das pessoas em relação ao profissional. O filme se chama Crime Delicado e fala de um jornalista crítico de jornal (Marcos Ricca) que sai pelas noites Paulistana em busca de personagens. Ele se acha o sabe tudo e a lição para ele é dura. Paro por aqui, pois não vou contar o filme inteiro, para que fique ai pensando por que?
Comecei a escrever e postar as matérias neste blog, as quais não foram publicadas na revista que sou free-lance. Porém fatos e lembranças que fizeram parte da minha vida. Acredito na importância delas e assim compartilho, para que outros se aproximem em dialogo virtual ou não, sem julgamento.
Por meio do olhar e escrita, procuro relatar experiências sem julgar, porém todo cuidado é pouco, na hora de opinar cautela é sempre bom, apesar de que reflexão é importante em decisões. Todos temos olhares diferentes e determinados, às vezes, mesmo não sendo jornalista acabam informando e o filme foi pra mim um puxam de orelha no repensar, pois liberdade de expressão tem limites. Caso ache que sabia tudo, repense e comece tudo de novo.
Nesse espírito de prudência e atenção com relatos escritos, descobrindo a magia da crônica e textos jornalísticos; sem viajar na maionese fiz um texto conforme solicitou a Professora que surgiu em alguns minutos:
Motorista
Quase dez minutos na espera do 273 G-Jd Helena, no terminal de ônibus da Estação Metrô Arthur Alvim, depois de sair atrasado de casa. Chega a condução que levará até o meu destino.
Ao observar, mesmo com o pára-brisa do ônibus meio fume, ele que não perde tempo parado com as conversas de terminal, mas durante o trajeto fala com todos sem parar. Moreno, obeso, de camisa azul aberta até perto do umbigo e toca preta na cabeça apesar de que a temperatura do dia estava agradável perto dos 27º, apresenta idade média 45 anos, sendo ele motorista do ônibus.
Desce pela porta da frente e ali mesmo começa cumprimentar a todos com aperto de mãos e piadas de cunho pejorativo aos companheiros da mesma empresa que trabalha. Ajudou dois senhores a descerem pela porta da frente e pediu que todos ali presentes no ponto subissem. Um por um, ele cumprimenta com sorriso aberto e postando um positivo com o polegar, vestido com luva preta de couro meio dedo.
Depois de todos dentro do veículo, senta no local reservado que ele domina, sai em direção a avenida principalmente do terminal, porém quando chega na esquina, ele expressa sua indignação pelo trânsito que ninguém naquele momento poderia explicar.
Após percorrer em ritmo lento, o veículo com capacidade de 44 sentados, dois para deficientes físicos e mais tantos de pé que não era o caso daquele momento, astuto virou a primeira rua à direita que podia entrar e fez um caminho totalmente fora do percurso.
Todos passageiros do ônibus ergueram suas cabeças para entender o que ele estava fazendo. Vira direita, desce a rua, no final dela, à esquerda e nos estamos na avenida principal sem transito, onde na mesma avenida atrás estava tudo parado, sem saber por que? Ele ri, olha no retrovisor central em direção aos passageiros e acelerando, brinca com seu jeito moleque e questionando a todos sobre sua astúcia.