quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Heródoto - radialista que o povo confia

Por Jéferson Roz

O horário marcado foi às 10:00. Chego por volta das 09:40. O propósito de estar na Rádio CBN naquela manhã era para entrevistar o radialista premiado e reconhecido, Herodoto Barbeiro. Com 30 anos de jornalismo, apresentador no jornal da TV Cultura e radialista da CBN todas as manhãs.
Ao chegar na redação, uma sala ampla, com diversos computadores e alguns jornalistas. Ao centro da sala no lado esquerdo, uma mulher de cabelos pretos de óculos acena como chamando minha atenção. Num dos pilares da sala uma frase escrita na placa dizia: - "Jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter".
Após cumprimenta-la pediu que aguardasse. Sentado numa poltrona azul de dois lugares da mesma cor do piso. Em frente, uma sala montada com divisória metade de madeira e o resto em vidro. De luz apagada e ao lado do patente da porta, uma placa que identificava - Gerente de Jornalismo. Dentro da sala podia se vir pelo vidro, um armário de escritório branco, em cima um capacete amarelo e azul com antiga sigla do Banco Nacional dentro de um cubo de vidro. Ao lado um periquito com a camiseta do palmeiras e próximo um Buda meditando em bronze.
No ambiente ouvia-se noticiários da própria CBN. Logo, ele se aproxima e diz: Bom Dia! Era o entrevistado de calça social de cor grafite, camisa cinza de listas bege e gravata com as mesmas tonalidades de cores da camisa.
Convida-me a entrar na sala e termina de passar algumas recomendações a jovem na mesa ao lado. Pedi que fique a vontade e pergunta no que ele poderia ajudar? Com olhar fixo esperando minhas perguntas, percebo que o ícone da rádio CBN e apresentador do Jornal Cultura Heródoto Barbeiro estava com olhos bem avermelhados.
Depois de conhecer brevemente sua história perguntei sobre sua formação acadêmica em relação à pós-graduação e mestrado. "A minha pós-graduação foi em História na América e lecionei na USP por 12 anos dos 25 que dei aula. Já o Mestrado foi sobre Expansão dos EUA na Ásia em conflito com o Japão" explica Heródoto. Nesta experiência aprendeu a falar e escrever em japonês e a mais de 40 anos prática o budismo Soto Zen.
Ao saber que foi um dos premiados por ser a personalidade do rádio que mais passa confiança aos ouvintes. Como fazer jornalismo tendo como crença religiosa, o caminho do meio, praticado no Budismo como filosofia de vida. Segundo o apresentador, o Budismo tem pesadíssima dose de ética e moral. "Se você buscar na história do Budismo que fulano matou cicrano, não tem, que fulano fez uma guerra com cicrano, não tem, então guerra, morte, conflito não faz parte do Budismo, faz parte em outras religiões. Então o budismo tem muito haver com a ética jornalística", declara o apresentador budista.
No decorrer da entrevista em clima agradável, porém uma televisão a minha esquerda ligada na CNN tirava a atenção do entrevistado. Sobre ter lecionado por mais de 25 anos na Usp, como professor de história, como surgiu a carreira de jornalista. Com sorriso aberto alegou nunca ter pensado em sua vida ser jornalista.
Uma questão citada foi por ter lecionado aulas de História Contemporânea em cursinho. “Eles (TV gazeta) compraram equipamento de televisão para aplicar o Telecurso. Eu fiquei instrumentalizado a falar para televisão. A TV Gazeta precisou de um apresentador para um programa semanal que chamava Show de Ensino. Queriam um cara que tivesse trânsito para falar na televisão, eu tinha, depois um que falasse de assuntos contemporâneos, eu tinha, ai comecei a trabalhar. A rádio foi um convite da rádio Jovem Pan, para fazer comentário sobre política internacional”.
Como paraninfo do prêmio "Wladimir Herzog 2007" lembrei de duas premiações. A primeira sobre melhor reportagem vencedora de Rodrigo Viana da Rede Record e a de novos talentos em jornalismo pelos alunos da Unicsul. O que pensaria um veterano no exercício de fazer jornalismo sobre a postura de novos profissionais no devem fazer, pois a reportagem premiada, o repórter foi ameaçado violentamente varias vezes.
Com canivete na mão tirando algo debaixo das unhas responde com tom de atenção. "Bom, são dois pontos. Primeiro jornalista não é Super Homem, isso é complexo de Clark Kant, jornalista não é herói, jornalista é um ser humano comum como qualquer outro. Segundo Jornalismo é só quando a gente atinge alguém, se fizer uma notícia e não criar um impacto na sociedade não fez jornalismo. Outra coisa, não há jornalismo que não seja investigativo, falar em jornalismo investigativo é uma redundância. Todo e qualquer jornalismo é investigativo, claro que do Rodrigo foi bem mais”.
Sobre os novos talentos foram utilizadas na matéria as contextualizações, informação citada para dizer da importância da história não momento de fazer reportagem. Segundo ele, o historiador trata dos fatos históricos, como faz o jornalista, com os fatos jornalísticos. Um fato de uma hora na edição fica meia hora, o historiador faz a mesma coisa, porém com fatos do passado.”Tudo que eu aprendi no passado, eu uso bastante", explica o radialista da CBN.
Logo emendei sobre a TV Digital favorecendo o aumento de informação sendo viável para a sociedade. Ele afastou-se da mesa e com a fisionomia descontente sobre a pergunta, toca com a mão esquerda a tela do computador e diz: ”TV digital não significa nada. O que vai mudar é isso aqui (computador). Isso vai democratizar os meios de comunicação. Se tiver algum lugar que não queira que eu fale, escreva, eu abro meu blog aqui e digo o que eu quero. Quando não tinha isso aqui (computador) as pessoas faziam panfletos e ficavam distribuindo. Quantas pessoas liam (panfletos) vinte, trinta, mas aqui são muitas”.
Ele completa dizendo que faculdade não é tudo e que para os novos profissionais têm os bens preparados e outros mal preparados. O jornalista foi obrigado a fazer faculdade por volta de 1978, 1979, não se recordava direito. No seu vestibular os candidatos eram todos alunos do cursinho. "Na minha turma da faculdade só havia feras. Tinha editor chefe da Placar, Maria Adelaide Amaral e era um foca”. diz o jornalista.
Ao terminar de responder questionou se teria mais algo a nos ajudar. Lembrei de algo que me intriga sobre os portais na internet, que pedem para leitores apresentarem pautas, matérias, sem nenhuma exigência acadêmica, como a que estamos buscando. "A formação é uma formação de cidadão que precede a formação do jornalista, então todos somos jornalistas. Se seguirmos as regras do jornalismo que é ética, qualidade, investigação que é formação de convicção entre publicar alguma coisa, nós somos jornalistas. Não importa se tem diploma ou não, analfabeto ou não. Jornalista é uma prática, eu mesmo só fiz faculdade porque fui obrigado, foi bom aprendi muito".
Após longos minutos, ele se ergue e me cumprimenta com sorriso. Agradecido pela oportunidade de mãos apertadas, soltei mais uma pergunta sobre o Brasil iria sediar a Copa de 2014. Ele riu ainda mais e com a voz baixa confirma dizendo: Já está acertado!!

domingo, 25 de novembro de 2007

Craque Neto, um corinthiano gente boa!

Neto ex-jogador do Corinthians fala da atuação como comentarista em diversos meios de comunicação
Por Jéferson Roz

Quem viu jogar sabe do seu talento, temperamento e até visto como indisciplinado. Hoje na carreira de comentarista esportivo na TV Bandeirantes, todos os dias, no programa Jogo Aberto e Por dentro da Bola aos domingos. Neto é um dos melhores comentaristas esportivos da atualidade. Com opiniões polêmicas, previsões e críticas duras a quem precisa ouvir sem medo.
Entretanto, quem não o conhece pode pensar que seja arrogante, impaciente, mau-humorado, porém não é nada disso. Alegre, divertido, por onde passa todos que o conhecem querem cumprimenta-lo e contribui com atenção. Em entrevista, a Revista Magazine Leste, Neto fala da carreira de comentarista, projetos, seleção brasileira e atual situação do Corinthians.

ML – Neto quantos anos foram como jogador de futebol e porque encerrou cedo a carreira?
Neto: “Eu joguei bola profissionalmente 16 anos, desde dos 15 anos até 36 anos, acho que é isso. Eu encerrei cedo a carreira, porque eu tive um problema muito sério no tornozelo, depois operei o tornozelo. Depois voltei jogar assim mais ou menos e não queria passar vergonha, pensava que não tinha mais condição de jogar futebol que eu jogava, ai pretendi parar de jogar futebol, sem saber que iria fazer da vida e não me arrependo”.

ML – Em algumas reportagens você menciona ter sido bom jogador e não foi um bom profissional. Explique melhor?
Neto: “Não, eu acho que não fui um bom jogador, mas sim um ótimo jogador. Como atleta profissional, eu não fui cara dedicado, mas em todas as vezes que me dediquei em treinamento, eu consegui jogar legal e fazer campeonatos legais e ganhei títulos com os companheiros. Eu pudesse ter sido mais dedicado, mas profissional eu teria disputado duas copas do mundo e poderia ter disputado mais campeonatos e minha carreira não teria sido interrompido precocemente, eu acho”.

ML - Como surgiu a oportunidade como comentarista?
Neto: “Começou quando eu ainda não sabia o que iria fazer na minha vida, não tinha profissão, sabia jogar bola. Sabia que iria trabalhar no meio do futebol, não sabia o que iria ser, ai tive oportunidade pela Bandeirante em 1999, fui convidado para participar de um jogo, era assim convidado especial, como irá ser domingo agora com a Ana Paula (assistente de arbitro), eles convidaram para ela participar agora no jogo da Copa América entre Brasil e Argentina. Se ela for bem, eles a contratam como fizeram comigo. No início me chamavam para jogos que para eles eram importantes, me pagavam R$. 400 00 por jogo e comecei a fazer, as pessoas gostaram aqui da Band. Eu tinha definido se queria ser comentarista. Uma coisa eu sabia que jogar bola não iria mais. Eles gostaram e fui contratado mensalmente, ai ganhava mensalmente e não precisava toda hora ficar esperando ser chamado. Fiz vários jogos e dei continuidade”.

ML- -Você diz ser um ouvinte do rádio, meio que pode se saber de muitas notícias e como se senti fazendo parte deste veiculo?
Neto: No rádio, como estava aqui Band como comentarista, o pessoalda rádio que hoje é presidente da emissora, que é o Parada, ele era uns dos chefes da rádio Bandeirantes e junto com o Carbone que é um dos diretores de coordenação me convidaram para trabalhar na rádio, achei ótimo. Fazia radio e televisão tinha dois salários, ai foi bom, como tinha parado de jogar futebol e não que não tenha guardado dinheiro, eu não ganhei dinheiro como jogadores ganharam e assim comecei trabalhar direto. A rádio foi mais importante que a televisão, a rádio me deu mais visão, mais dinâmica, a todo o momento você está sabendo de algo novo. Um exemplo, o negócio do Dualib, pois estou dando essa entrevista para você, agora são 11:10hs, ontem na rádio todo mundo já falou o que iria acontecer. Depois fui para Globo e estou três anos na Rádio Transamérica. Eu adoro fazer rádio. Na Transamérica eu trabalho de 2ª, 3ªe 5ª faço o programa Papo de Craque das 18 às 19hs, faço comum grande amigo meu Henrique Guilherme, um cara que mais gosto desse mundo, melhor amigo que tenho como ser humano e também faço os jogos de quinta e sábado, pois de quarta e domingo faço na televisão.


ML – Você é colunista do jornal Estado de São Paulo, como começou e foi fácil a adaptação?
Neto: Sobre o Estadão eu já escrevi no Agora São Paulo por três anos, ganhava bem pra caramba, para escrever uma vez por semana, quando o cara falou fiquei surpreso, se o cara chegasse para mim pedisse para escrevesse de graça, escreveria, por que é legal, mas você não pode fazer isso. É uma credibilidade legal escrever num jornal. Eu escrevo para Estadão e chega no mundo todo. As vezes estou no avião, numa segunda feira (dia da coluna) estou lendo minha coluna e outras pessoas lendo. Tem gente que não gosta, mas recebo várias cartas, email’s no meu site, escrevo há dois anos no jornal e nunca tive reclamação, só uma vez que Antonio grego que é meu chefe me ligou e falou. Neto achava melhor você não colocar isso aqui, mas se você achar melhor colocar você que sabe. Tem um jornalista Renato Nalesso que me ajuda, porque eu não conheço computador e você sabe bem disso, eu escrevo as minhas colunas no papel e o Renato ajeita a coluna, corrigi os erros de português e mando para o Estadão até às 20hs do domingo.


ML – Na coluna que escreve no estadão, mencionou que estava fazendo um curso sobre Redação Jornalística e mandou um recado para os críticos?
Neto: Porque tem muita gente que por eu não ser jornalista não posso ser comentarista.Eu quis fazer esse curso de Redação para aprender como se faz um jornal. Fiz um curso que é muito legal, mas não precisa ser jornalista, precisa Téo? (Apresentador/Narrador senta conosco e participa da entrevista)
Téo José: “Uma figura como Neto não precisa ser jornalista, quando ele escreve na coluna dele o leitor não está lendo um comentário de jornalista, mas o comentário do ex-jogador de futebol. Uma figura, como Neto, no Estados Unidos é uma figura completamente normal, em todo esporte tem um jornalista e um ex-atleta, acho que é o caminho melhor”.

ML – Pretende fazer novos cursos? Quais seriam?
Neto: “Agora quero fazer de locução na Rádio Oficina, um curso de Radialista, para pegar o jeito, apesar de fazer rádio há quase sete anos. Quero aprender mais teoria, do que prática, pois a prática já tenho.”


ML – Quando jogador foi polêmico enfrentou muitas críticas. Hoje o papel mudou como é faze-las?
Neto: “Eu continuo sendo polêmico, mas como sou mais velho hoje, tenho 40 anos, você fica mais polido, calmo, você começa pensar melhor nas coisas, no que você faz, mas ainda contínuo sendo polêmico. Como jogador não sei se a palavra certa é polêmico, acho que é personalidade, você pode ser polêmico só para fazer uma graça ouso pra fazer audiência acho quem ter personalidade, sempre busquei meu espaço.”


ML: Antes da oportunidade como comentarista, o que pensou em fazer?
Neto: “Eu fui gerente de Futebol por dois anos no Guarani, acho que é uma função que faço bem, mais tarde quando eu tiver uma estabilidade melhor, financeira, posso ser um Gerente de Futebol de algum Clube”.


ML: Você treinou no CET do Corinthinas em Itaquera, teria alguma hístória interessante para contar?
Neto: “Treinei muito pouco e algo interessante era quando a bola caia fora do CET, os caras levavam a bola embora. Saia muita confusão lá, não gostava muito, ficavam muita gente lá, porque quando você está treinando, não é jogo. Quando você está treinando você está errando, você não está jogando e o pessoal não respeitava muito não “.


ML: Qual sua opinião para situação atual do Corinthians, tanto Diretoria e elenco?
Neto: “Time é um time fraco tecnicamente, a molecada é esforçada. Eu até gosto, para vesti a camisa precisa mesmo. Agora sobre a Diretoria eu já sabia que isso iria acontecer, não quero dar de mãe Dinah, mas eu sabia que isso iria acontecer, há muito tempo. Por todos os problemas que tiveram no início da parceria, continuaram durante a parceria e que estão acontecendo até agora. Isso é só o começo, se ninguém não for preso e algemado, isso não vai muda”.


ML: Estamos em véspera da final da Copa América entre Brasil e Argentina, qual seu palpite?
Neto: “Meu palpite, falar a verdade, Argentina ganha. A Argentina é um time melhor, com meio de campo forte, com Messi, Riquelmi que jogam muito. Eu acho que a Seleção Brasileira é um time como o Time do Corinthians, eu gosto de ver, pela disposição, garra, pela camisa, por tudo, entendeu, mas o Dunga precisa mudar o plano de jogar. Ele precisa muda e colocar o Elano e o Diego no meio campo, ainda tem chance de ganhar, senão perde de goleada”.


ML: No futebol o gol é marcar do jogo e no comentário qual seria a marcar?
Neto: A marca do comentário é você ser sincero.Quando mais objetivo você ser, mas o pessoal em casa vai entender. Tem gente que enrola fala muito e não explica nada. A minha marca e a marca dos comentaristas que eu gosto é ser objetivo.


ML: Cite alguns comentaristas?
Neto: Sempre tive a referência do Juarez Soares que hoje trabalha na Record e o Casagrande.


ML: Quais os projetos do comentarista, locutor e colunistas?
Neto: “Meu projeto como comentarista já consegui por ter feito uma Copa do Mundo, quefoié muito legal. Outra foi que consegui agora e levei seis anos para consolidar, que as pessoas não acham que só sou Corinthiano e foi muito difícil consolidar para televisão e para o rádio. Eu sou respeitado pela maioria das torcidas dos clubes que é muito legal. Isso foi meu maior ganho como comentarista. Meu sinto realizado”.


ML: Em 2010, Copa do Mundo quem você gostaria de técnico da Seleção?
Neto: Eu acho que é o Wanderley Luxemburgo


ML: Um recado para os torcedores Corinthianos?
Neto: ”O recado para os Corinthianos é que já uma torcida sofredora, que meio natural, agora torcer que essa atual Diretoria, saia o mais rápido possível que tenha uma editoria no Clube, pois o Corinthians precisa ser grande por dentro, porque por fora já é. Por dentro, ele está muito pequenino, lá têm profissionais melhores do País e fiz uma matéria e tem fisioterapia, departamento médico, tudo, mas as pessoas que comandam são muito pequenininhas”.